O país inicia a retomada de crescimento: saiba como cuidar da aposentadoria num cenário de inflação estável e juros baixos
O Brasil vive um momento de recuperação econômica. Após dois anos de forte recessão, o produto interno bruto voltou a crescer 1% em 2017. A inflação baixou para 2,95%, a menor dos últimos 19 anos. A taxa básica de juros (Selic) foi reduzida para 6,5% ao ano. As expectativas do mercado financeiro no início de abril deste ano mostram indicadores importantes para quem deseja cuidar da aposentadoria num cenário de inflação estável e juros baixos. A economia pode crescer 2,8% em 2018 e 3% em 2019. A inflação foi estimada em 3,5% este ano e 4,1% ano que vem. E os juros podem baixar a 6,25% este ano e chegar a 8% ano que vem. Diante desses números, a pergunta que você deve fazer é: “Como esses indicadores podem influenciar minha aposentadoria?” Conhecer e acompanhar sua evolução pode fazer toda a diferença para você cuidar de suas finanças pessoais e alcançar um padrão de vida sustentável hoje e na aposentadoria de forma tranquila e planejada. Vamos entender como podem afetar sua vida.
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Investimentos financeiros
Você pode entender a dinâmica do mercado financeiro de uma forma simples. Só existem dois tipos de agentes envolvidos: um que deseja tomar dinheiro emprestado para realizar sonhos, ampliar negócios ou quitar dívidas, e outro que tem dinheiro e deseja potencializar seu ganho emprestando a juros que se baseiam no cenário descrito acima. Preste atenção principalmente na taxa Selic – que influencia diretamente a rentabilidade dos vários investimentos de renda fixa, entre eles a poupança e os títulos públicos e privados. Dessa forma, quanto menor for a taxa Selic e a inflação, menor será a sua remuneração bruta nesses investimentos. O contrário também é verdadeiro, mas tome cuidado com a inflação e o ganho real de cada investimento.
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Previdência Privada
Se você tem plano de previdência em fundo de pensão, ofertado pela sua empresa, a queda dos juros tende a trazer menor rentabilidade para seu patrimônio. Mas neste momento vale fazer uma reflexão sobre a diferença entre seu fundo de pensão (previdência fechada) e os planos oferecidos por bancos e seguradoras (previdência aberta). Os planos abertos, como PGBL e VGBL, também são impactados e costumam render ainda menos, a depender das taxas cobradas. A taxa de carregamento, que incide sobre cada depósito, pode ficar entre 0% e 4%. Já a taxa de administração, cobrada sobre o patrimônio acumulado, pode ficar entre 0,5% a 2,5% ao ano. Com isso, acabam afetando a rentabilidade mensal e o patrimônio final do cliente. Por outro lado, na previdência fechada geralmente se cobra de 0,3% a 0,7% ao ano sobre o patrimônio, o que proporciona melhores condições para você atingir sua aposentadoria sustentável. Portanto, analise suas opções em longo prazo e, se for o caso, faça a portabilidade dos recursos do seu PGBL para seu fundo de pensão. Ou vale até mesmo portar seu dinheiro para outro plano aberto mais vantajoso que você encontre. Além de comparar taxas, é essencial conhecer e respeitar o seu perfil de investidor. Lembre-se, a longevidade do brasileiro aumenta a cada ano, tenha clara a finalidade de longo prazo para que está guardando este dinheiro. Sua tomada de decisão consciente deverá estar alinhada com seu projeto de vida para o momento de se aposentar.
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Consumo e Endividamento
Com a retomada do crescimento da economia e do emprego, e com a queda da taxa Selic, gradualmente se espera a baixa dos juros cobrados pelas instituições nos contratos de empréstimos, financiamentos e cartões de crédito, o que estimula o consumo da população. O risco nesse cenário é o endividamento sem controle das famílias, que tendem a se presentear com consumo de bens sem o devido planejamento no orçamento. Tome cuidado para não colocar em risco a saúde do orçamento doméstico, sabotando assim suas prioridades reais, como poupar para estudos, saúde, seguro, aposentadoria e para uma reserva de emergência.
Concluindo, nos melhores ciclos da economia – e também nos piores –, esperamos que você reflita: Qual será seu padrão de vida desejável na aposentadoria? Quanto você deverá acumular na sua previdência privada para alcançar a renda necessária? E outras rendas, como você terá? Quais serão seus direitos na aposentadoria pública? Você está preparado para viver até os 100 anos? Agora, se você ainda se pergunta qual o melhor momento para iniciar a poupança para a aposentadoria, lembre-se da regra de ouro: adquira o hábito de poupança desde cedo, ou seja, de preferência desde o primeiro contato com dinheiro. Seja prudente!