Todo início de ano abre uma oportunidade para fazermos um balanço das coisas que realizamos, daquelas que postergarmos ou simplesmente abandonamos pelo caminho. Nesse momento, bate aquele orgulho das conquistas alcançadas ou aquela tristeza daquilo que não conseguimos realizar. O fato é, para alcançar nossos objetivos e sonhos, sejam pessoais, profissionais ou do negócio, é preciso ter um planejamento do passo a passo a ser seguido, um guia, uma bússola. Enfim, um planejamento financeiro pessoal feito com consciência é uma das ações essenciais para realizar qualquer sonho ou objetivo em nossas vidas, seja no curto, no médio ou no longo prazo.
Neste artigo proponho indicar o caminho das pedras para você refletir sobre a sua situação financeira atual e a desejada para os próximos meses através do seu próprio planejamento financeiro anual. Sei que o padrão de vida de cada leitor é diferente, por isso falo de dívidas e investimentos. Espero te ajudar a partir de agora. Vamos em frente!
1. O que é o planejamento financeiro pessoal?
O planejamento financeiro pessoal pode ser entendido como uma ferramenta de controle, que facilita a tomada de decisões econômicas que irão impactar na realização de seus sonhos e objetivos que envolvam o uso consciente do dinheiro em um determinado período de tempo.
2. Qual o benefício do planejamento financeiro pessoal?
Na prática, seu maior benefício está em servir de guia financeiro com a previsão de quais serão as despesas e receitas no período de tempo escolhido. Dessa forma, é possível tomar uma decisão de compra, empréstimo, financiamento ou investimento com mais consciência. Ele te dará uma visão de como poderá estar no futuro, ou seja, endividado, equilibrado ou investidor, portanto deve ser visto como um hábito saudável da educação financeira de como lidar com o dinheiro ou com a falta dele. Esse planejamento irá te auxiliar a tomar as melhores decisões econômicas de acordo com o seu padrão de vida. Ele deve ser flexível, pois as ferramentas para seu uso são várias. Por exemplo, a “planilha de orçamento”, seja em formato eletrônico ou em uma folha de caderno. O modelo escolhido pode funcionar bem para uma pessoa e para outra não. Lembre-se que nada adianta ter um planejamento bem elaborado no papel se ele não for colocado em prática, se não for acompanhado e quando necessário ajustado.
3. Quais são seus objetivos e sonhos para o ano?
Eu sempre digo em minhas palestras que as pessoas devem trabalhar para realizar sonhos, seus objetivos de vida. Dessa forma, comece listando todos os seus desejos pessoais, ouça seu cônjuge, fale com seus filhos, coloque tudo no papel, priorize, seja realista e saiba quanto custa cada desejo, quanto dinheiro tem guardado e quanto pode poupar de seus rendimentos até juntar o dinheiro suficiente para a realização do objetivo.
4. Como definir um objetivo?
Você listou vários objetivos, mas terá que priorizar aqueles que lhe trarão maior satisfação pessoal e que seja factível dentro do orçamento para o ano. Não é tarefa fácil para ninguém, mas precisa ser feito com a maior precisão possível. Por exemplo, se você priorizou a troca do carro da família, deve estipular quanto custará, quanto irá poupar e por quanto tempo. Entenda que planejar “Juntar R$ 50 mil até dezembro” é bem diferente de colocar o objetivo de “Juntar dinheiro para trocar o carro da família”. Percebeu a diferença? Facilita ter preço e prazo definidos.
5. Objetivos definidos, posso começar a executá-los?
Calma, antes da execução saiba quais são seus compromissos financeiros. Faça um raio X das suas finanças atuais, corte gastos, elimine alguns, substitua hábitos ruins por bons. Seja prudente, inserindo a previsão dos gastos do primeiro trimestre (impostos e volta às aulas) e as datas comemorativas do novo ano, como feriados, aniversários etc. A mensagem aqui é colocar tudo na ponta do lápis e saber para onde vai cada centavo do seu rendimento, para fugir de empréstimos, principalmente de cheque especial e cartão de crédito. Pense nisso!
6. Sair das dívidas pode ser um objetivo?
Sim! Este é o sonho de mais de 63 milhões de brasileiros inadimplentes. Mas tenha calma, as dívidas foram feitas em vários meses e muitas vezes você não conseguirá saldá-las em um ano. Para sair ou não entrar nessa lista, o importante é saber qual o tipo de dívida antes de tomar uma decisão, acompanhe:
- Dívidas com garantia real: Financiamento do imóvel, do carro, empréstimo com penhor de joias etc. Pense, se você não pagar ou renegociar essas dívidas, o credor poderá ficar com estes bens.
- Dívidas com itens essenciais: Se você não puder consumir estes itens, sua falta afetará de alguma forma sua autoestima, seu convívio familiar e sua própria sobrevivência. São exemplos a água, a luz, a escola dos filhos, o mercado, o açougue, a padaria, o seu transporte e até sua conta de telefone. Quitando estes débitos, você verá que sua saúde financeira começará a melhorar, e o humor também. Acredite!
- Dívidas controladas: São aquelas dívidas que estão sendo pagas dentro dos vencimentos e estão previstas no seu orçamento anual, como carro, estudos, moradia. E que, por serem de médio e longo prazo, não vale pena tentar antecipar o pagamento das parcelas se não tiver poupado para isso. O importante é não ser pego de surpresa em emergências financeiras e ter que recorrer aos bancos e cartões de crédito.
7. Devo ter uma reserva para emergência?
Sim! No planejamento consciente sempre será necessário prever que irá poupar parte de seus rendimentos para fazer ou engordar aquela aplicação financeira para uso em casos de emergência, que não estavam no seu orçamento. São exemplos a troca de carro, do celular, da TV, do equipamento de trabalho, uma viagem, uma cirurgia, um casamento, uma formatura ou mudança de emprego. São situações que podem ocorrer e para as quais você deve estar preparado.
8. Devo aplicar o dinheiro da reserva para emergência?
Sim! Aconselho sempre aplicar em investimentos com maior liquidez, como fundos DI e Títulos Públicos (Selic).
9. E a minha aposentadoria?
Lembre-se de que você poderá viver 100 anos, e a previdência pública poderá não ser suficiente para lhe dar um padrão de vida sustentável. Começar ou fazer aportes extraordinários para um plano de previdência privada dará a você benefícios fiscais se utilizar o modelo da Declaração Completa e ainda garantirá uma aposentadoria mais tranquila no futuro.
10. Cuidado com o “Eu mereço”. Não vá se endividar!
Vamos considerar que você já fez um raio X das suas finanças, sabe quais dívidas e contas deve priorizar e fez o planejamento financeiro por meio de um orçamento com rendimentos, incluiu os sonhos que seu dinheiro pode realizar, somou as prestações a pagar e renegociou as dívidas. O próximo passo é colocar dentro dos objetivos se presentear, pois agora você tem um planejamento, trabalhou duro nele. O que você não deve fazer é comprometer seu rendimento com coisas que não estavam planejadas. “Cuide bem do seu dinheiro, pois um dia ele cuidará de você.”
Planilhas – Para facilitar seu planejamento financeiro pessoal, selecionei as planilhas que você encontra NESTE LINK.
Bom proveito!